segunda-feira, 28 de março de 2011

Impulso.

Hoje não precisarei de personagens, não precisarei de máscaras, nem de intérpretes. Apenas de um roteiro cru e despido de pudores, como uma síntese da minha própria vida.

[...] E os eventos continuam se atropelando de uma forma tão incoerente que eu mesma já perdi o fio da meada. Em mim não há qualquer animação ou êxtase, mas o tempo ainda é brando e não exige grandes esforços.
Só que toda essa amenidade, toda essa calma, me incomoda. Essa insatisfação crescente e pulsante se torna tristeza que surge em mim de tempos em tempos. 
Eu não sei aonde foi que eu parei de viver, aonde foi que me deixei perder, aonde foi que fodi com tudo, mas ainda tenho lá meus motivos de alegria e (agradeço), são mais freqüentes que esses de insatisfação. E talvez esses incômodos não me coubessem visto a minha idade, mas minha alma já viveu demais. Culpe o tempo, a relatividade ou Einstein.
Hoje o meu tempo é gasto nas futilidades dessa vida, com coisas sem tanta importância, como vinhos e cigarros, ocasionais crises existenciais e algumas rodas de violão. Passou-se enfim o tempo, em que eu não me preocupava com o futuro e o porvir. Mas o amanhã é agora a minha incógnita favorita e, talvez, a única. Quem sabe seja essa a razão da minha falta de capacidade de agir. O duvidoso é cruel. 
Não sinto medo, apenas não sinto pressa em viver.

domingo, 13 de março de 2011

Cadernos de Laura

Estou parada no meio do meu quarto onde tudo o que vejo é uma pequena vela que já finda. A necessidade de escrever tornou-se uma obsessão. Pois é só quando me privo de enxergar é que observo : quando tudo parece estar disperso, é que se pode enxergar com mais clareza. E eu pude olhar além dessa chuva pesada que cai. Não vi a lua, não vi estrelas, tudo o que vi foi meu reflexo no vidro da janela e ele parecia me dizer: " A culpa é sua. Sempre sua"!
Não costumo chorar, essa é uma fraqueza que não me permito, mas aquele olhar, o meu olhar, condenava.. De todas as formas.
Um pensamento recorrente : " Tem coisas na vida que parecem castigo, mas não são." 
Meus olhos já  estão vermelhos, mas não choro.Não há porque.
São nesses desabafos que eu revivo, de uma forma que só eu entendo. Como se fosse um exercício de sanidade.
Quem já viveu um grande amor, talvez entenda, essas agonias é o que faz o coração pulsar no peito e faz você perceber porque ainda está vivo. Mesmo que não consumado, mesmo que não vivido.

O ato de amar envolve coragem.
E sentir medo é proibido
Medo de arriscar.
Medo de assumir
Medo de não conseguir encontrar as palavras certas.
Medo de sentir medo.

E o meu pecado foi esse. Me afoguei nos rios do meu medo.



OBS: Inspirado no romance A Casa das Sete Mulheres

sexta-feira, 4 de março de 2011

Prefácio.

Os casos que eu vou relatar se debruçam em personagens reais, com agonias reais e algumas utopias.
Talvez seja apenas mais um espaço pra enterrar palavras e sentimentos que já não me cabem mais, são do mundo, numa beleza triste,musical ou poética.
Só agora percebi, sou feita de palavras e melodias; e,talvez, um punhado de medo.