quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Segredo

"Risca teu batom em mim.
E me usa como papel pros teus poemas.
A cada verso, um suspiro.
As intenções perversas gravadas em um disco.
E pelo teu olhar, me perco. 
E fico aqui, à espera de um gesto ou um sinal.
Pra que eu possa ir.
Pra que o não vire sim.
E o tempo não passe por mim".

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Gris

São sonhos dolorosos os que me fazem quedar lúcida - sem defesas.
É quando o dia se dispersa e o anoitecer mostra sua cara: negra, um oceano de esquecimento
Talvez eu seja um recipiente para as dores do mundo.
Cerro os olhos.  Gris.

A voz se torna rouca de gritos silenciosos.
Loucos ensaiam sorrisos frente ao espelho.

Abra os olhos. 

O mundo se tornou pálido!
O amanhecer traz a esperança..  ou.

Ilusão.


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pássaro branco.

Minhas janelas estavam fechadas e embora eu não tivesse notado já haviam se passado dias. Talvez meses, quem sabe anos, e eu presa no meu quarto.
Minha redoma particular. Impenetrável. As dores não me atingiam aqui.
Não vi o que estava la fora,  não ouvi barulhos.O mundo estava ausente em mim.
Ou talvez eu estivesse ausente do mundo.

[...]
Mas um dia eu me permiti dormir, e sonhar.
Sonhei que estava vivendo. Tão completamente, tão inebriada com o cheiro da vida que quando acordei, quis viver.
Abri as janelas, o dia tinha se passado. O sol estava morrendo.
Mas foi só pra nascer novamente. Dentro de mim!

domingo, 28 de agosto de 2011

Minuano.

Despindo-me de medos, nadando em águas rasas.
Na  esperança vã de fazer diferença no mundo.
No meu, pelo menos.

Um andarilho, um caminho, uma certeza.
Hoje dormirei sob as estrelas.
E nada mais.

O minuano se aproxima.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Anatomia

Do meu corpo já não restaram tantas partes.
A pele se desgastou com os toques e não reage mais a qualquer estímulo
O coração cansou de bater em seus compassos. Desafinou.

 Aos interessados, agora lhes apresento minhas vísceras, nervos e músculos.

sábado, 6 de agosto de 2011

Cadernos de Laura II



Não quero teu sorriso, nem teu olhar.
Me intrigando, me roubando o sono.
Tu fostes um dia o que me motivava e hoje só me matas, pouco a pouco, descompassadamente.
Sem dó nem piedade. Indiferente.


E tu insistes em aparecer quando não quero, quando não posso pensar. Não em ti.
E eu não sei como dizer como me sinto.  
Perco meu tempo, em devaneios desnecessários, mas o pensamento é teu.


O triste se converteu em belo.
Só assim te mantenho perto de mim.
E por isso te sepultei na minha alma, no coração,como uma canção triste e eterna.
Infortúnio prazeroso.
Masoquismo necessário.


Em goles e tragos, culpo o coração.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Impulso.

Hoje não precisarei de personagens, não precisarei de máscaras, nem de intérpretes. Apenas de um roteiro cru e despido de pudores, como uma síntese da minha própria vida.

[...] E os eventos continuam se atropelando de uma forma tão incoerente que eu mesma já perdi o fio da meada. Em mim não há qualquer animação ou êxtase, mas o tempo ainda é brando e não exige grandes esforços.
Só que toda essa amenidade, toda essa calma, me incomoda. Essa insatisfação crescente e pulsante se torna tristeza que surge em mim de tempos em tempos. 
Eu não sei aonde foi que eu parei de viver, aonde foi que me deixei perder, aonde foi que fodi com tudo, mas ainda tenho lá meus motivos de alegria e (agradeço), são mais freqüentes que esses de insatisfação. E talvez esses incômodos não me coubessem visto a minha idade, mas minha alma já viveu demais. Culpe o tempo, a relatividade ou Einstein.
Hoje o meu tempo é gasto nas futilidades dessa vida, com coisas sem tanta importância, como vinhos e cigarros, ocasionais crises existenciais e algumas rodas de violão. Passou-se enfim o tempo, em que eu não me preocupava com o futuro e o porvir. Mas o amanhã é agora a minha incógnita favorita e, talvez, a única. Quem sabe seja essa a razão da minha falta de capacidade de agir. O duvidoso é cruel. 
Não sinto medo, apenas não sinto pressa em viver.